Barulho em excesso pode espantar a freguesia


O barulho em um estabelecimento – seja produzido do lado de fora ou internamente – pode atrapalhar a experiência do consumidor durante a compra. Por isso, em tempos de queda no faturamento do comércio (o varejo paulista registrou em maio R$ 46,1 bilhões, o menor resultado para o mês na década), vale evitar os fatores que impeçam ou dificultem o consumo na loja.

No caso de ruídos externos, como o de obras em locais próximos, o ideal é que o comerciante demonstre que está tentando amenizar o problema, mesmo que não tenha como controlá-lo. Escrever cartazes informando que a situação é passageira e tem prazo para terminar, inserir materiais nas paredes que não propaguem o som ou manter as portas de vidro fechadas são algumas das opções.

“Construções são permitidas na cidade e nem sempre é possível evitar o barulho. Alguns comércios, como restaurantes, poderiam tentar negociar com quem produz o ruído para que possa ser evitado em certos horários em que são mais prejudiciais aos clientes, mas a via é sempre da negociação”, explica o presidente do Conselho de Desenvolvimento Local da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, Jorge Duarte.

O ideal é sempre manter as portas abertas para o consumidor não se sentir acanhado. Se for preciso fechá-las para amenizar o ruído externo e o desconforto que gera, é importante deixar um aviso, em local visível, informando que o estabelecimento está funcionando.

Existem ainda alguns locais nos quais o barulho já faz parte da experiência de compra. São aqueles conhecidos pela grande concentração de comércio, como as regiões da Rua 25 de Março e do Largo 13 de Maio, ambos na capital paulista. “Nesses casos o barulho não atrapalha. Quem vai fazer compras ali já sabe que aquele é o ambiente que o espera, seja a movimentação de pessoas ou o barulho de alto-falante das lojas, faz parte daquela região”, observa o diretor da consultoria Vecchi Ancona, Paulo Ancona. Como quem vai a esses pontos busca o preço mais em conta e muitas lojas vendem os mesmos produtos ou similares, ganha o consumidor o comerciante que deixar isso mais claro.

Barulho interno 

Na maioria das vezes, o som alto não é positivo para a experiência de compra. Por isso, os comerciantes devem ficar atentos a esse detalhe, que pode fazer o cliente se sentir mais confortável ou mesmo incomodado enquanto decide qual produto vai levar. “O som mais melódico e instrumental, que tende a gerar conforto, pode ser tocado em volume maior. Já estilos com batidas mais fortes devem ser usados com volume menor para atingir quem se identifica, sem incomodar as demais pessoas”, indica Duarte, da FecomercioSP.

Quem não quer ter muito trabalho para selecionar as músicas pode optar pelo serviço de rádio on-line, que formata uma rádio própria para a empresa, o que ajuda a reforçar a marca e deixar o ambiente agradável. Hoje em dia esse serviço já tem preços bem mais acessíveis e algumas versões de softwares oferecem opções gratuitas.

Segundo Hélio Donin Jr., diretor da Donin Contabilidade, a loja precisa tomar cuidado com a fiscalização do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), instituição privada e sem fins lucrativos, criada e mantida por meio de legislação federal, que centraliza a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical. É essa entidade que dá autorização para pessoas ou empresas utilizarem músicas publicamente. “É cobrada uma taxa anual, de acordo com o tipo de uso e o tamanho do estabelecimento, e existe fiscalização. Os valores não são altos, mas o lojista pode ser autuado se não estiver em dia”, alerta.
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